Papel do Psicólogo no Acompanhamento de Pacientes com Câncer de Mama

O diagnóstico de câncer de mama é um momento de grande impacto emocional e psicológico para muitas mulheres. Diante dessa experiência desafiadora, o psicólogo oncológico assume um papel fundamental no apoio à paciente, ajudando-a a enfrentar as fases do diagnóstico, tratamento e recuperação. Este artigo explora como o acompanhamento psicológico contribui para a saúde mental e qualidade de vida das mulheres com câncer de mama, abordando desde o manejo das emoções até o suporte familiar.

Importância do Acompanhamento Psicológico no Diagnóstico do Câncer de Mama

Receber um diagnóstico de câncer de mama é um evento marcado por emoções intensas, como medo, tristeza, ansiedade e, muitas vezes, uma sensação de perda da própria identidade. Muitas mulheres relatam pensamentos negativos, como o temor da morte e o estigma em relação à doença, que ainda é vista como algo devastador para a saúde e a autoestima da mulher. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, o papel do psicólogo é essencial nesse momento inicial, pois ele ajuda a paciente a reorganizar seus pensamentos, promovendo resiliência e oferecendo um espaço seguro para a expressão dos medos e ansiedades que surgem com o diagnóstico.

Além de ajudar a processar o diagnóstico, o psicólogo facilita o processo de adaptação da paciente às mudanças emocionais e físicas que acompanham o câncer de mama. Estudos mostram que mulheres que recebem apoio psicológico têm melhores índices de adesão ao tratamento, menos sintomas de depressão e ansiedade e uma qualidade de vida superior. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o suporte psicológico é um fator importante para melhorar a resposta ao tratamento oncológico e facilitar a recuperação.

Fases do Acompanhamento Psicológico Durante o Tratamento

Preparação para Procedimentos Médicos e Cirurgias

A fase de preparação para cirurgias, como a mastectomia, é particularmente sensível, pois afeta diretamente a imagem corporal da mulher. Muitos estudos revelam que o impacto da mastectomia na autoestima é significativo, levando algumas pacientes a questionarem sua identidade e feminilidade. Nesse contexto, o psicólogo desempenha um papel de facilitador, oferecendo um espaço para que a paciente possa entender e aceitar as mudanças físicas que estão por vir. Segundo o site Psicologia Viva, o psicólogo ajuda a paciente a elaborar uma nova visão sobre seu corpo, promovendo o autocuidado e ressignificando o conceito de beleza e autoestima, mesmo em meio a transformações profundas.

Gerenciamento das Emoções Durante a Quimioterapia e Radioterapia

Durante o tratamento, especialmente em procedimentos como quimioterapia e radioterapia, as pacientes frequentemente experimentam efeitos colaterais intensos, como a queda de cabelo, fadiga e náuseas, que impactam profundamente o bem-estar emocional. O psicólogo, especialmente quando especializado em psico-oncologia, utiliza técnicas de enfrentamento para lidar com o estresse e os sintomas depressivos e ansiosos. Estudos indicam que as intervenções psicológicas nesse período ajudam as pacientes a desenvolver estratégias para aceitar a nova realidade e a manter uma perspectiva positiva, mesmo em face de um tratamento agressivo. O site Cognitivo explica que esse suporte é essencial para aumentar a capacidade da paciente de lidar com os desafios e prevenir o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão severos.

Psicologia no Pós-Tratamento e na Reconstrução da Identidade

Após o término do tratamento, muitas mulheres continuam enfrentando desafios emocionais. Mesmo em remissão, o medo da recorrência do câncer e as alterações corporais podem desencadear sentimentos de insegurança e vulnerabilidade. Segundo o Journal of International Development Research, o acompanhamento psicológico no pós-tratamento é fundamental para ajudar as pacientes a reconstruírem a autoestima e enfrentarem esses medos residuais.

O psicólogo trabalha no desenvolvimento de estratégias que facilitam a aceitação da nova imagem corporal e na adaptação a uma nova rotina, focando na valorização das conquistas e do cuidado com a saúde mental e física. Além disso, para mulheres que passaram por uma mastectomia, o psicólogo oferece apoio ao longo do processo de reconstrução mamária, que pode envolver uma carga emocional significativa e questões de autoimagem e intimidade.

Suporte Familiar: O Papel do Psicólogo na Orientação de Cuidadores e Familiares

O câncer de mama não afeta apenas a paciente, mas também impacta significativamente seus familiares e cuidadores. Estudos apontam que o diagnóstico e tratamento geram estresse e ansiedade entre familiares, muitas vezes levando a conflitos emocionais e esgotamento. A Rede Brasileira de Câncer de Mama destaca que o psicólogo pode ajudar a família a compreender melhor as necessidades emocionais da paciente, promovendo um ambiente de apoio e acolhimento.

Além disso, o psicólogo pode facilitar encontros familiares e sessões de orientação que auxiliem os familiares a lidarem com a situação de forma positiva, abordando temas como a comunicação empática, a gestão do estresse e o suporte prático e emocional à paciente. Esse trabalho conjunto com a família melhora o ambiente doméstico e torna o tratamento mais efetivo e menos estressante para a paciente.

Grupos de Apoio e a Importância da Interação com Outras Pacientes

A participação em grupos de apoio é uma prática recomendada por muitos psicólogos para pacientes em tratamento de câncer de mama. Em um grupo de apoio, as pacientes têm a oportunidade de compartilhar suas experiências e trocar informações sobre como enfrentar os desafios do tratamento e da recuperação. Segundo a Psico-Oncologia Brasil, esses grupos promovem uma sensação de pertencimento, ajudam a reduzir o isolamento e reforçam o enfrentamento de maneira coletiva.

No ambiente do grupo, o psicólogo facilita a troca de experiências, permitindo que as pacientes se sintam compreendidas e apoiadas. Esse espaço é ideal para trabalhar a resiliência e a aceitação de maneira prática, com relatos reais de superação e enfrentamento de outras mulheres que compartilham da mesma experiência. Além disso, o apoio mútuo ajuda a reduzir sintomas de ansiedade e depressão e contribui para uma melhor adesão ao tratamento.

Técnicas e Ferramentas Utilizadas pelo Psicólogo no Tratamento de Câncer de Mama

Para proporcionar o suporte adequado às pacientes com câncer de mama, os psicólogos utilizam uma variedade de técnicas e abordagens. Entre as mais comuns estão:

  • Psicoeducação: Ajuda a paciente a entender as fases do tratamento e os impactos psicológicos, capacitando-a a lidar melhor com as situações de estresse.
  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Essa abordagem é utilizada para identificar e modificar pensamentos negativos e comportamentos disfuncionais, promovendo uma visão mais positiva sobre o processo e o futuro da paciente.
  • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): A ACT foca na aceitação das emoções e no compromisso com ações que promovam uma vida significativa, ajudando as pacientes a lidarem com o medo da reincidência e com as mudanças na autoimagem.

Essas técnicas permitem que a paciente desenvolva habilidades de enfrentamento e resiliência, necessárias para navegar pelos desafios impostos pela doença e seu tratamento.

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